26 de Novembro de 2009

"Porto modelar, qual quintessência do tipo Porto Colheita, um vinho de deuses, de aroma interminável. Pura seda. Um dia é preciso provar um vinho assim para perceber o nível de qualidade a que pode chegar um Porto envelhecido em casco."

 

João Paulo Martins na RevistaÚnica          

 

 

Olha pá, nós da colheita de 55 somos assim!

 

eu

 

publicado por carlos lopes às 19:18

13 de Novembro de 2009

(as coisas que um gajo escreve quando vem dos copos)

 

Porque foges? Pergunto,

Só para mudar de assunto,

Sem reparar, broncomaniacamente,

Nos teus olhos cavados, fugidos,

Gazela em fuga permanente

Dos avanços masculotolamente

Feitos, refeitos, repetidos.

 

Teu rosto claro, levantado,

Olhar no olhar, sem temor,

Femininamente sorrindo na dor

Como gritando no amor,

Diz-me, sonhador acorrentando,

Que nado do que digo faz sentido

 

(de qualquer maneira continuo  a fazer manguitos às ligas de temperança)

 

 

publicado por carlos lopes às 19:04

06 de Novembro de 2009

 

Imagino, muitas vezes, que a luta entre Jacob e o Anjo teve um final diferente daquela que narra o texto sagrado. Imagino que Jacob lutou com o Anjo até ao amanhecer e que quando a manhã chegou o Anjo ajoelhou vencido e chorou. E penso então que esta foi a mais desastrosa aventura dum homem: recusar até ao fim da noite submeter-se ao enviado do Senhor. E, finalmente, recusar-se ao Seu Senhor e perder a única oportunidade de sair de si mesmo. O Anjo chora não por si mas pelo homem que não consentiu ser vencido e liberto pelo seu deus.

É um combate assim o do encontro humano com a realidade a que chamamos amor. Ganhá-lo, recusando-o o falhando-o é perdê-lo. Perdê-lo perdendo-nos no abandono a um outro é ganhá-lo. De qualquer maneira a única possibilidade que nos é oferecida para quebrar o arco de invencível solidão que é cada homem que não encontrou o amor e não foi vencido por ele.

 

Eduardo Lourenço (LER)

(texto datado dos anos 50)

 

publicado por carlos lopes às 15:11

03 de Novembro de 2009

 

 

 

 

O sino da igreja deu um toque, era uma da manhã. A lua cheia iluminava as ruelas da vila, fugindo dela seguia junto aos muros e paredes do casario mas o silêncio da noite denunciava o som dos meus passos na calçada portuguesa. Amaldiçoei-me por ter trazido os sapatos de sola em vez dos de borracha. Atravessando meia vila cheguei ao meu destino. O cão, meio arraçado de Castro Laboreiro, ainda ladrou duas vezes mas sentindo o meu cheiro reconheceu-me e calou-se. Encostado ao muro e junto à portinhola que dava para o campo de milho, assobio baixinho; dois curtos e um longo.

Vem – disse a cabecinha loira que assomou.

O teu marido? - Perguntei.

Dorme – disse ela puxando-me por um braço

Vem meu poeta que a noite ainda está a começar.

 

publicado por carlos lopes às 19:17

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