Depois da crise da falta de compressas esterilizadas 10x10, desaparecidas do mercado durante este verão (a não ser que estivessem a fazer companhia ao gato de schoenberg), nada como ir tomar chá com o dragão negro.
Mr. Long conversava amenamente com mrs. Macnamara quando os interrompi:
- Dão-me licença que me sente? e apresentei-me: Carlos Alberto.
Muito prazer, disse Long, já sei ao que vem.
Martha levantou-se e pousando a mão no meu ombro disse: “Se quiseres conhecer o caminho observa a subtileza da água”, deixo-vos a conversar, tenho que praticar umas canções irlandesas no meu violino.
Depois dela sair Long pousou a chávena de chá e perguntou-me:
- Então, o que acha do discurso da Ferreira Leite?
- Para quem esteve tanto tempo calada pouco ou nada disse. Esqueceu-se do velho ditado: se não tens nada para dizer não abras a boca. Mas não foi por isso ao que vim.
- Eu sei, disse Long, só estava a provocar um pouco.
E estabeleceu-se um silêncio, que durou algum tempo.
- Faço eu a pergunta? – disse olhando Long nos olhos.
- Faça, disse ele, o país é seu.
- Será que estes comentadores políticos que para aí andam a mandar uns bitaites acerca das eleições americanas alguma vez leram “Da democracia na América” de Tocqueville?