31 de Janeiro de 2007
a minha fábrica faliu

"Agora a fábrica faliu,
e fiz eu um curso de informática
intensivo,
perdi o sol das manhãs, o ar, o rosto do entardecer,
frequentei o inglês do Wall Street Institute
intensivo,
e a fábrica faliu
enquanto um casamento se escoa pela cama abaixo
com um filho de três anos no infantário,
quarenta e sete funcionários despedidos,
sem funcionar,
além dos ordenados em atraso,

e eu com a alma em atraso
na corrida sem pernas de tanto caminhar
pelas ruas desta cidade que me enganou no salário,
o sal amargando-me os lábios,
apesar dos conhecimentos de informática,
dos jardins secretos do conhecimento
e de tantas horas a olhar a luz fria dum ecrã profundo."

  • António Ferra, A PALAVRA PASSE, Ed. Campo das Letras
publicado por carlos lopes às 09:54

25 de Janeiro de 2007
Sem tempo nenhum.
Mas, no meio de velha e amarelada papelada, isto que eu escrevi quando tinha vinte e poucos anos. Vai assim como o escrevi numa velha máquina de escrever.

Senhora dos olhos d’água ,
Cabelo cor de d’azeitonas ,
Dona das profundidades,
Senhora do superficial.
Mestra suprema do amor,
Feiticeira de corações,
Imagem negra de catedral,
Incomparável donzela atlântica.
Magnificência luminosa,
Luz da noite escurecida,
Candeia que vai na frente,
Luz do sol da minha vida.

 
Que a viva imagem da paz
            Te traga a ventura.
Que o senhor do profundo
            Te dê a satisfação.

 
Senhora do coração terno,
Que o meu tanto ama.
Paixão dos deuses atlantes,
Meus antepassados,
Antigos do saber total.
Ó imagem luminosa da paz,
Infinita de paciência,
Velada pela pomba branca.
Senhora suave e ligeira,
Como a calmaria na canícula.
Senhora da grandeza terrível,
Como a tempestade marítima.

 
Que a viva imagem da paz
            Te traga a ventura.
Que o senhor do profundo
            Te dê a satisfação.

 
Senhora minha, minha senhora,
Nome que eu murmuro
Baixinho na noite escura,
Nome que eu grito sob o sol do meio-dia.
Minha amante amada
(ternura do meu coração).
Infinita ventura,
Capacidade intrínseca
Da infinita alma humana.
Água calma do regato,
Ode à turbulência da foz.

 
Que a viva imagem da paz
            Te traga a ventura.
Que o senhor do profundo
            Te dê a satisfação.

 
Senhora da coragem,
Dama eterna da aventura.
Infinita suavidade,
Alma pura de donzela,
Amor-paixão revoltoso,
Deificação da minha ternura.
Que a tua imagem
Apague a desventura da terra,
Que o teu coração
Impeça a morte lenta,
Que a tua ternura
Encha o mundo de ventura.

(Já não me lembrava de escrever assim,
já não me lembrava de mim assim.)
publicado por carlos lopes às 16:32

23 de Janeiro de 2007
"No dia 03/10/2006 num daqueles programas da manhã da SIC ou TVI esteve como convidado um senhor, humilde, a contar uma história que ultrapassa a
compreensão:


Faz três anos ficou COMPLETAMENTE CEGO fazendo uns trabalhos de soldadura.
Fartou-se de ir a os médicos do serviço nacional de saúde, médicos e mais médicos, horas e horas de espera para as consultas, etc. Os médicos tinham dito que o caso não tinha cura, e que só poderia ser observado para obter ALGUMA MELHORA em Cuba ou Espanha.


Resumindo: ele é pobre, e o nosso serviço nacional de saúde não se preocupou em canalizar o homem para ser visto no estrangeiro (é um direito consagrado). Ele queria suicidar-se, já não queria mais viver assim. Por coisas da vida, seu filho é casado com uma UCRANIANA, (um país pobre?) e ela através de familiares na UCRÂNIA tentou levar o sogro por CONTA DELES PRÓPRIOS para ver se poderia haver esperança.


CONCLUSÃO:


Ele chegou à UCRÂNIA de manhã e foi levado de IMEDIATO para o serviço médico para dar entrada NESSE MESMO DIA. Às duas da tarde, fez uma cirurgia com LASER. ACONTECEU UM MILAGRE!!!
Quando ele acabou a sessão laser, JA ESTAVA A VER O MÉDICO. MILAGRE??????
NÃOOOOOOOOOOOOOO !!! ISTO CHAMA-SE MEDICINA E TECNOLOGIA!!!


EM PORTUGAL O DESGRAÇADO NUNCA MAIS RECUPERARIA A VISÃO! TRÊS ANOS CEGO E RECUPEROU A VISTA EM MINUTOS!!!!! O homem chorava ao contar isto (ele chegou de lá faz um mês) MAIS, O MELHOR É QUE NÃO PAGARAM NADA........ N.A.D.A !


SÓ pagou as gotas que têm que deitar nos olhos! O homem ainda falou no
Ministério da Saúde Português, mais foi deitar água num cesto... Que
vergonha este nosso serviço nacional de saúde!!!"

Divulguem

(recebido por email)
publicado por carlos lopes às 11:49

15 de Janeiro de 2007

Era uma vez uma menina Maori que queria ser domadora de baleias. Contra a tradição machista, contra a opinião e poder do chefe tribal seu avô (seu amado avô), ela aprendeu a ser. E um dia, na praia deserta, ela cantou e as baleias vieram.

Aluguei o DVD numa loja duma multinacional sem saber bem o filme que era, apenas que era um tema interessante. Sem os grandes meios de Hollywood e com uma simplicidade cativante está ali um filme que vale a pena ver. Gostei.

Link para mais elementos sobre o filme AQUI
publicado por carlos lopes às 19:51

08 de Janeiro de 2007
Porque está na altura de tomar uma posição pública.

E porque já estou farto de tanta hipocrisia.


( Imagem tirada do Arrastao )
publicado por carlos lopes às 16:13

02 de Janeiro de 2007
"Morreu Cesariny, caíram as máscaras. Nalguns casos elas não chegaram sequer a serem colocadas.
...
Imcompreensíveis os cinco nervosos e instáveis minutos dedicados pelo sr. secretário de Estado da Cultura à obrigação de velar corpo em câmara ardente.
...
A quem pode incomodar um velho, uma vez morto? Que era homossexual e que o escrevia e dizia e pintava? Que era maldito por isso e por aquilo, por feitio polemista, porque se metia com poderes estabelecidos, embora fosse amigo de outros tantos poderosos como de outros tantos marginais?
...
Acham que ainda vale a pena perguntar porque é que ninguém teve a coragem de decretar luto nacional pelo maior poeta da segunda metade do século passado, grande em todos os séculos e em em todas as nações de poetas, com uma permanente intervenção cívica pública."
 
João Pinharanda no Jornal de Letras (JL)
publicado por carlos lopes às 19:48

01 de Janeiro de 2007

Primeiro dia do ano.

A pergunta que fica, sempre, é se há alguém que me leia.

Não faz mal.

(Estou telegráfico não estou? Pelo menos era assim que se dizia antigamente, as mensagens mais urgentes eram enviadas por telegrafo, chegando assim ao seu destinatário no espaço de 24 horas e eram bastante resumidas. Com muitos "stops" pelo meio.)

Escrever assim ao corrente das ideias é algo que me dá bastante gozo embora o resultado nem sempre me satisfaça quando faço a análise.

Bom ano para todos.

publicado por carlos lopes às 21:42

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