30 de Setembro de 2008

Ponho o Tom Waits a tocar e nos auscultadores soa o velhinho “Tom Traubert's Blues”. Abro o Word. A folha em branco, mais uma vez, interroga-me. Lembro-me, ainda, de como era com a máquina de escrever (manual, que essas modernices eléctricas eram caras). As ideias fluíam mais naturalmente e o “tac, tac,tac” das teclas a bater no papel eram, por si só, motivo de inspiração.

Depois veio o ecrã verde. O meu primeiro computador, um Philips NMS9100, tinha 720k de memória, não tinha disco duro (HD) mas só duas drives de diskettes de 720k e o ecrã era de fósforo verde. Custou-me, em finais dos anos 80 cerca de 220 “contos”. Era “massa” mas valeu a pena.

 

(Entretanto o Tom passou a cantar "Waltzing Matilda")

 

Sabem, se é que sabem, por vezes apetece-me ser terno (bom…não só às vezes) e dizer a uma rapariga:

do que eu gostava mesmo era que os lençóis da minha cama tivessem o teu cheiro.

Ou então:

Sempre gostei de nadar em lagos e os teus olhos parecem ser um bom lugar, calmo e aprazível.

 

Bom e agora para "escalambazar" isto acabo com este vídeo.

 

Tom Waits - Heart Attack and Vine

 

 

publicado por carlos lopes às 19:53

22 de Setembro de 2008

Desculpem a mariquice mas ao ver este video fiquei sem palavras

e afinal de contas um homem também chora

...

correcção

...

encontrei palavras, não minhas mas de alguém.

 

"Cuando una cancion nos puede robar un suspiro nos puede hacer sentir tanto como me hace sentir esta cancione solo puedo decir que supera el limite del arte..... tiene un alma propia..... un sentimiento propio..... una propia felicidad y una propia tristesa.... este tipo de hallazgos no se integran a nuestas tristesas, nosotros compartimos el alma y la esencia de una obra como esta."

(Safelith, México)

 

 

publicado por carlos lopes às 19:24

09 de Setembro de 2008

Depois da crise da falta de compressas esterilizadas 10x10, desaparecidas do mercado durante este verão (a não ser que estivessem a fazer companhia ao gato de schoenberg), nada como ir tomar chá com o dragão negro.

Mr. Long conversava amenamente com mrs. Macnamara quando os interrompi:

- Dão-me licença que me sente? e apresentei-me: Carlos Alberto.

Muito prazer, disse Long, já sei ao que vem.

Martha levantou-se e pousando a mão no meu ombro disse: “Se quiseres conhecer o caminho observa a subtileza da água”, deixo-vos a conversar, tenho que praticar umas canções irlandesas no meu violino.

Depois dela sair Long pousou a chávena de chá e perguntou-me:

- Então, o que acha do discurso da Ferreira Leite?

- Para quem esteve tanto tempo calada pouco ou nada disse. Esqueceu-se do velho ditado: se não tens nada para dizer não abras a boca. Mas não foi por isso ao que vim.

- Eu sei, disse Long, só estava a provocar um pouco.

E estabeleceu-se um silêncio, que durou algum tempo.

- Faço eu a pergunta? – disse olhando Long nos olhos.

- Faça, disse ele, o país é seu.

- Será que estes comentadores políticos que para aí andam a mandar uns bitaites acerca das eleições americanas alguma vez leram “Da democracia na América” de Tocqueville?

 

 (personagens tiradas do livro Chá com o Dragão Negro de R. A. Mac Avoy)

publicado por carlos lopes às 20:02

04 de Setembro de 2008

as palavras que digo

não são aquilo que sinto,

porque aquilo que sinto

não é traduzivel por sons

apenas por olhares

 

as palavras estão lá

apenas para acalmar

a necessidade de explicar

que sinto o que sinto

e não outra coisa qualquer

 

(além do mais perseguem-me,

as palavras, vêm atrás de mim

como se eu lhes devesse

qualquer tipo de atenção

mas eu só tenho atenção

para o que os teus olhos olham)

publicado por carlos lopes às 16:48

02 de Setembro de 2008

 

 

publicado por carlos lopes às 19:37

01 de Setembro de 2008

 A troça – mais ou menos paternalista, mais ou menos velada – em relação à espontaneidade de Vanessa Fernandes, com os seus «fogo, pá!», os seus«um gajo sai» e os seus «caraças» mostra que além de racistas (as coisas que fui ouvindo, ao longo destes dias, sobre as competências específicas de «pretos» e «chinocas» davam para um Tratado sobre a Estupidez Humana), permanecemos também classistas (a estratificação das pessoas segundo a sua origem social é uma outras forma de segregação, tão boçal como a que atribui valor às pessoas segundo a cor da pele).

Confesso que também tenho os meus preconceitos de classe: quando ouço alguém falar da «implementação de uma estratégia estruturante no âmbito de uma consensualização programática» passo-me. Tenho até vontade de dizer: «Fogo, pá! O que é que esse paleio de merda, todo espremidinho, quer dizer?» Não digo, porque já não tenho a esfuziante autenticidade da Vanessa. Também ela terá tempo de aprender a dizer aquilo que pensa no código social dos encolhidos da vida, que é o que passa por bom português. Mas não temo que ela deixe de dizer o que pensa, nem de pensar pela sua cabeça – como tantas vezes acontece às pessoas menos resistentes à «educação» - porque uma força daquelas não se quebra. E porque tem bom berço – o valente pai Venceslau, que lhe vai gritando, em todas as competições: «Sofre, Vanessa, sofre até ao fim!», e uma família de gente que sabe o que significa a palavra brio. Que se lixem os bem pensantes, Vanessa. Quando tiveres tempo para ler Pessoa, descobrirás que, além de frases como «a minha pátria é a língua portuguesa», que já deves ter ouvido a um ror de ministros, também escreveu (pela mão de Álvaro de Campos): «Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho!» Ora aqui está uma citação que nunca que nunca te deixará ficar mal.

(Inês Pedrosa, jornal Expresso de 30 de Agosto)

 

E ainda perguntam porque é que eu gosto tanto de ler o que esta rapariga escreve!

publicado por carlos lopes às 20:01

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