Capítulo 1º: O LOCAL
A praça fica à entrada da cidade. Redonda, jardim central com um buraco por onde se vê passar os carros de um túnel. Rodeada por uma série de importantes edifícios; a igreja, os Correios, um centro comercial, um edifício alto e um café. A igreja não tem qualquer importância arquitectónica vale apenas pelo símbolo religioso que é,
os Correios “idem, aspas”, como interesse apenas o facto de terem sido construídos nos terrenos da antiga mansão do presidente da câmara “do tempo da outra senhora”
já o centro comercial tem que se lhe diga, o bingo do clube da cidade esteve lá instalado, foi para outro sítio e no seu lugar surgiu um clube de striptease que também foi “há vida”. Na actual situação, agonizante, apenas com umas duas dezenas de lojas, arrasta-se esperando o fim da crise.
Falei num edifício alto, não falei? Os dois primeiros pisos são apenas comércio, os andares seguintes apartamentos e, no topo, um restaurante panorâmico. Pelo meio a mais selecta casa de prostituição da cidade; para o caso de estarem a pensar que estou a extrapolar, digo-vos que quando a polícia decidiu fazer uma rusga, às duas da manhã, ficou lá até depois das oito…porquê? Pois…estavam lá comandos da polícia, deputados municipais e alguns empreiteiros de gabarito regional (pois…estes estão em todas). A coisa demorou até se arranjar uma solução a contento de todos.
Falta o café…não é. E o café é o centro desta história. Na verdade é um café restaurante, a parte reservada aos mastigantes fica numa sala diferente do café, num prolongamento por uma rua lateral, mas também se pode ser restaurado no café, só que ao balcão. O café é um imenso balcão com uma visão completa da praça através de uma enorme vidraça e as colunas que suportam o edifício e ficam no meio do café são espelhadas e reflectem o que se passa na praça e é por aqui que as coisas são vistas nesta história.
(continua)