São já demais os exemplos que fazem com que os nossos tribunais inspirem aos cidadãos comuns e decentes não um mínimo de confiança, mas genuíno medo. Incapazes (ou desinteressados) de punir a corrupção que nos atira para os últimos lugares da EU em termos de desenvolvimento (é isso, sim, em primeiríssimo lugar), deleitam-se a triturar pessoas inocentes, com base no mais puro preconceito pessoal dos senhores juízes, inimputáveis na sua meritíssima irresponsabilidade.
Porém, entre as muitas enormidades a que temos assistido nos últimos anos, não me recordo de um acórdão que chegasse ao insulto pessoal e soez como o que o Tribunal da Relação de Coimbra acaba de lavrar no caso do sargento Luís Gomes. Diz que “o arguido recebeu a criança…como se tratasse da compra de uma coisa, com recibo passado”, que “fez da criança coisa sua…como se de um animal de estimação se tratasse”!
Sinto-me pessoal e cruelmente insultada! A minha vida tem alguns paralelos com a da criança
Ultimamente, temos ouvido muitos disparates da boca de pedopsiquiatras e quejandos. Lembro-me de um que postulava “as crianças não mentem” (qual de nós não disse “não fui eu”, depois de uma asneira?) Esses, supostamente, escudam-se num diploma. Mas qual é a cadeira das faculdades de Direito ou do CEJ que habilitam os juízes a elaborarem juízos desta natureza?
O raciocínio do acórdão é idiota, a adjectivação é criminosa, porque insulta muitos cidadãos que não merecem apanhar com tal pesporrência . No meu modesto entendimento, os autores cometeram um crime público, de insulto e de incitamento à descriminação. Quem os julgará? Espero sentada.
Maria Amélia Soares
(não sei nem quero saber se antes tive outro nome)
Senhora da Hora, Matosinhos