Apetece-me dizer o teu nome. Em voz baixa. Sussurrado. Como se fosse um segredo. Tenho medo. Medo que o som do teu nome assuste os anjos adormecidos. Tenho medo que eles descubram que me roubaste o sossego apenas com um olhar. E me punam, não mais deixando olhar o teu rosto. Teu rosto, madonna, teu rosto querido. Com um nariz no meio, como se fosse apenas um rosto. Mas perdi-me. Falava do teu nome. Dentes e língua nos dentes. Apetece sibilar. Sibilar como quem assobia. Teu nome merecia ser assobiado. No meio duma canção. Duma canção dos Beatles. Mas John Lennon morreu de encontro a um pedaço de chumbo, impulsionado pela explosão de pólvora, provocada por um dedo, pressionando o gatilho, de um mecanismo de consumo universal. E eu não sei música. Não sei cantar o teu merecidamente cantado nome. Apenas o sei dizer. Num sussurro. No segredo.