Ondas
Quero mergulhar
nas ondas de ternura
dos teus olhos.
Senti-las propagar
como espamos,
ao longo do horizonte
em que convergimos.
Por isso, morrer
nunca me doeu.
O que me dói
é quando me afogo
no oceano triste e frio
da tua ausência.
Só que, agora,
o meu coração
já não quer que eu morra
(p'ro que lha havia de dar!)
e faz-me voltar à superfície
para te respirar.
Quando eu for esperto
baralho isto tudo
e muito, muito suavemente,
hei de afogar-me, sim!,
em ti
....devagar,
... ... ... de mansinho.
Luís Melo, À margem do olhar.