Na secretária em frente a rapariga ajeitava o cabelo pensativa mas ele não reparava, absorto que estava a olhar a curva da barriga da perna (os chamados “gémeos”) da rapariga. Perdido naquela curva tentadora, escapava-lhe o essencial: porque é que a rapariga ajeitava o cabelo. Escapava-lhe também o olhar dela procurando o dele (e o olhar é tudo como me disse uma vez uma mulher que um dia eu não sei se tive apenas que amei). Nas árvores em frente da janela, aberta para o ar entrar, duas rolas traçavam um estranho bailado nupcial, no entanto o olhar dele continuava fixo naquela curva de uma feminina perna de pele tostada pelo sol e pensava: é perfeito!
Finalmente, só depois do pensamento da perfeição lhe passar pela cabeça, ele levantou o olhar para o pousar no monitor do computador, onde o piscar de um sinal na barra de tarefas lhe dizia: tem uma mensagem nova. Com um toque do rato ele abriu o correio electrónico e uma nova história começou.