17 de Setembro de 2009

 Nos finais do ano passado o meu tio, Manuel Miranda Ramos Lopes, Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, faleceu repentinamente. Não vou falar aqui da questão emocional do evento mas sim de uns “escritos “ que ele enviara por correio ao seu irmão, meu pai, dias antes do seu falecimento. Num desses textos ele conta alguns picarescos episódios passados com o Mestre Elísio de Moura (http://pt.wikipedia.org/wiki/Elísio_de_Moura" de quem foi aluno.

O assunto despertou-me a atenção porque, ainda petiz, conheci Elísio de Moura. Avenida Sá da Bandeira acima, seguia agarrado às mãos dos meus pais quando se aproxima Elísio de Moura. Reparando que eu me começava a colocar de lado e a olhar de esguelha, o meu pai, depois de cumprimentar o Professor, chamou-me a atenção. Pois…de riso estava Elísio de Moura. Reputado neuropsiquiatra, quando estava na presença de uma criança procurava espicaça-la, obriga-la a reagir, e eu já tinha passado pela experiência, daí a minha reacção.

Vamos então aos episódios:

1.

«Em viagens pelo norte sucedia, algumas vezes, passar em Amarante. E era seu costume parar numa conhecida casa – “Zé da Calçada” – onde o serviço de mesa era assegurado por duas simpáticas e gentis moçoilas, sempre presentes.

Ora aconteceu que, numa dessas viagens, o Professor notou que uma delas (a Josefa, chamemos-lhe assim) não estava nesse dia, nem estava noutra sua passagem tempos depois. O que levou o Mestre a perguntar à sua companheira:

                “- Olha lá, a Josefa? Não tem estado…”

                A colega ficou triste e silenciosa, o que levou Elísio de Moura a continuar:

                “- Está doente? Deixou a casa? Morreu? O que se passa?”

                E aí a companheira, extremamente triste, respondeu:

                “- Não, Senhor Doutor. Emputeceu…”

                O Professor compreendeu…E, apesar de os Dicionários da Língua não registarem o verbo (mesmo o HOUAiSS, nesta acepção), nós também compreendemos. Pois não é o povo quem faz a língua?»

2.

«Certo candidato que tendo apresentado uma dissertação de doutoramento sobre “punção lombar” a intitulou de “Raquicentese”, neologismo que desagradou a Elísio de Moura que aí o combateu activamente com argumentos que o candidato não foi capaz de rebater. Pelo que – abrindo uma pasta – dela tirou um livro que exibiu triunfalmente dizendo:

                “ – Tenho aqui uma dissertação francesa sobre o mesmo tema e que tem exactamente o mesmo título que eu dei à minha e V. Exa. está aqui a combater Raquicentese.”

                Ao que Elísio de Moura imediatamente contrapôs, a terminar:

                “- E isso que prova? ...Prova tão somente que o senhor nem na asneira foi original…”

publicado por carlos lopes às 21:38

Um "big" abraço.
20 de Setembro de 2009 às 01:12

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