“…No pátio quadriculado chovia, o céu quadriculado parecia o esgar de um robô ou de um deus feito à nossa semelhança, na relva do parque as oblíquas gotas de chuva deslizavam para baixo, mas teria significado o mesmo se deslizassem para acima, depois as oblíquas (gotas) transformavam-se em circulares (gotas) que eram engolidas pela terra que sustentava a relva, a relva e a terra pareciam falar, não, falar não, discutir, e as suas palavras ininteligíveis eram como teias de aranha cristalizada ou brevíssimos vómitos cristalizados, um rugido que mal se ouvia, como se Norton em vez de chá naquela tarde tivesse bebido uma infusão de cacto peiote.”
Roberto Bolaño
(cacto peiote: Peiote é um pequeno cacto mexicano produtor de mescalina)